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Crise hídrica: é possível limpeza eficiente com menos água?
Especialistas revelam técnicas, equipamentos tecnológicos e macetes para fazer a limpeza do condomínio economizando água e mantendo a qualidade na crise hídrica
Nesses tempos de crise hídrica e desabastecimento de água em diversas regiões, muitos síndicos e gestores devem estar passando pelo dilema: economizo água ou mantenho a limpeza do condomínio em dia? Saiba que é possível, sim, fazer as duas coisas!
“A limpeza é uma das questões mais importantes no dia a dia condominial. Afinal de contas, ninguém gosta de um ambiente sujo e mal cuidado, porém em época de crise hídrica, se os gestores já atuavam com ações de economia para reduzir os gastos, agora é uma ação de prevenção e consciência coletiva”, afirma Christiane Romão, gerente predial e síndica profissional de Salvador, Bahia.
O SíndicoNet consultou especialistas no assunto e reuniu nesta matéria técnicas, equipamentos modernos e truques para orientar funcionários a fazer a limpeza do condomínio de forma eficiente, conservando as áreas para conselheiro nenhum botar defeito e – acredite! – gastando bem menos água. Algumas medidas chegam a reduzir a 1/3 o gasto do recurso tão escasso atualmente.
Desmistifique: abundância de água na faxina não garante limpeza
É cultural no Brasil associar uma boa faxina com uso de muita água. E o momento de escassez hídrica é uma excelente oportunidade para quebrar essa crença e provar que a implementação de novas técnicas, equipamentos e produtos mais tecnológicos:
- economizam água;
- resultam em uma limpeza mais eficiente;
- gastam menos tempo;
- otimizam mão de obra.
“No nosso país, a limpeza ainda é realizada com baldes, muito sabão, vassoura para esfregar o piso, rodo para conduzir ou recolher o excesso e, finalmente, o famoso pano de chão para o acabamento. Neste processo gasta-se muita água, muito sabão e tempo de mão de obra. Tecnologia e limpeza devem cooperar para o objetivo de manter um condomínio sustentável“, diz Christiane Romão.
Ana Lúcia Alves Silveira, instrutora líder de treinamento prático de limpeza da RS Terceirização, comenta que há maior resistência às mudanças por parte de zeladores, síndicos e até conselheiros mais tradicionais, que seguem o modus operandi mais conservador, baseado em água e produtos mais comuns, como multiuso, água sanitária, limpa pedra etc. Mas a necessidade vem criando oportunidades e ela tem conseguido evoluir.
Em um condomínio de alto padrão atendido por uma equipe dela, a síndica, consciente da crise hídrica, estava empenhada em adotar as novas medidas sugeridas, mas uma das conselheiras colocava empecilho, exigindo lavagem diária dos halls e áreas externas.
“A síndica pediu a nossa ajuda e fiz um plano de ação. Realizei uma reunião com a conselheira onde expliquei a mudança do cronograma de limpeza, troca de produtos e equipamentos que apresentam resultado eficaz sem gasto exagerado de água, sem agredir as superfícies, e consegui convencê-la fazendo demonstração”, diz Ana Lúcia.
Dicas gerais de economia de água na limpeza
- Primeira etapa é a varrição ou a aspiração dos pisos, que proporciona menor quantidade de água no processo de higienização;
- Substituição de mangueiras por hidrojateadoras, que consomem até 70% menos água (varia de acordo com o tipo de piso, como epóxi e cimento queimado, e o tipo de sujeira) e oferecem um limpeza muito maior em questão de qualidade;
- Utilização de produtos químicos que não necessitam de enxágue. Hoje no mercado é possível encontrar este tipo de produto que ajuda muito no consumo de água;
- Produtos concentrados: seguir a diluição correta. Por exemplo: é possível fazer limpeza com detergente sem enxágue, desde que faça diluição correta usando borrifador;
- Em conjunto com um especialista, definir a real necessidade de lavar diariamente áreas como calçadas, acessos e etc. “Muitas vezes, é possível espaçar o cronograma de atividades e continuar com uma qualidade de entrega de limpeza boa”, afirma Guilherme Salla, diretor de Sustentabilidade e Responsabilidade Social da Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp).
Produtos e equipamentos que economizam água
Segundo o diretor da Abralimp, independente da crise hídrica, a limpeza sempre olha para o menor consumo de água possível dentro da operação.
“Para isso, a utilização de produtos e equipamentos de linha profissional ajudam muito no consumo consciente de água. Hidrojateadoras, produtos que não necessitam de enxágue, apoio de uma empresa profissional para indicar os locais onde é necessário utilizar água ou não são algumas medidas”, exemplifica.
Um processo de limpeza mais avançado, que resulta em menor consumo de água, produtos e mão de obra, também pode incluir a utilização de:
- enceradeiras;
- lavadoras de alta pressão;
- MOP’s: esfregão, nas versões água, pó e bio;
- LTs (“limpa-tudo”): substitui a vassoura com diversos tipos de fibras para diferentes níveis de limpeza e superfícies.
“Por essa razão, o uso racional da água aliado à tecnologia sempre foi tema importante no setor de limpeza profissional (terceirizada), mas essas boas práticas não devem se restringir às empresas. Uso de equipamentos que reduzem o consumo é responsabilidade de todos os usuários”, comenta Christiane Romão.
MOP’s: economia de água e produtos
Os esfregões estão entre os equipamentos queridinhos dos adeptos da limpeza mais eficiente, econômica e otimizada, junto com os LT’s. Confira as versões:
- MOP água: tem 2 reservatórios, para produto e água. Uma vez que passa o esfregão com produto no chão, precisa enxaguar no compartimento de água. Atenção para o momento de trocar tanto água quanto produto. Reduz drasticamente a quantidade de água na limpeza de áreas comuns, como entradas e halls;
- MOP bio: versão compacta do MOP água. Os compartimentos são bem menores e é bastante usado para entradas com piso tipo porcelanato e laminado, que requerem menos água. O equipamento é menor, mais prático e econômico. Requer menos espaço para guardar.
- MOP pó: substituto da vassoura, equipamento é usado para retirar a poeira de piso, que deve estar completamente seco. Pode ser usado em dupla com o MOP água ou MOP bio.
LT’s: cada fibra, um uso específico
- fibra branca (mais suave): porcelanato, piso laminado, paredes, portas, mesa, tampas;
- fibra vermelha (intermediária, entre branca e verde): usar quando há falta da branca ou quando a área está muito suja (cozinha, resto de comida), limpa sem danificar a superfície (não tira resina, por exemplo);
- fibra verde: piso frio (banheiro, copa, área de churrasqueira) e antiderrapante;
- fibra preta (mais agressiva): para remoção de cera.
Modalidades de limpeza
Christiane Romão separa a limpeza em três modalidades: limpeza geral, conservação e manutenção. “A medida é para que a rotina não seja afetada e nem a água seja item exclusivo”, explica a gerente predial e síndica.
1. LIMPEZA GERAL
Esta modalidade é para ser executada quando o ambiente precisa de uma limpeza completa, principalmente nas áreas de maior circulação, como:
- elevadores;
- halls de entrada;
- portaria;
- corredores;
- garagens.
Pode ser feita uma vez por semana.
2. LIMPEZA DE CONSERVAÇÃO
Aqui, a prioridade é manter o cheiro agradável e boa aparência dos locais, como tirar pó, retirar o lixo, usar aromatizador de ambiente etc. Essa modalidade poderá ser executada de acordo com a demanda.
3. LIMPEZA DE MANUTENÇÃO
Aqui se enquadram as limpezas programadas para o bom funcionamento do empreendimento.
Otimização de cronograma de limpeza
Confira o cronograma de limpeza adaptado para a crise hídrica, por periodicidade:
LIMPEZA DIÁRIA:
- Hall de entrada (3x/dia);
- Portaria;
- Calçadas;
- Banheiros;
- Elevadores;
- Aparelhos da portaria;
- Objetos de decoração;
- Sauna;
- Academia;
- Vestiários.
LIMPEZA SEMANAL
- Vidros;
- Espelhos;
- Pisos de madeira;
- Paredes;
- Sala de máquinas.
LIMPEZA MENSAL
- Garagens (pode ser a cada 3 meses);
- Salão de festas (ou quando tiver festa);
- Janelas externas;
- Grades;
- Escadas de emergência.
Dicas de limpeza por áreas do condomínio
- Varreção em geral: é possível usar soprador manual (reduz o tempo do colaborador).
- Lavagem de calçada: no lugar da mangueira e vassoura, usar LT e enceradeira com escovão (disco para piso frio e escovão para calçada). Fazendo diluição correta do produto, é possível usar o MOP água para o enxágue.
- Jardins: usar regador, de manhã bem cedo, antes das 8h, ou final da tarde, fazer em dias alternados, 2-3 vezes por semana.
- Academia e brinquedoteca com piso vinílico: substitua balde, pano e rodo (exceto banheiro) fazendo limpeza com LT com fibra verde e MOP água. Em 90% das áreas assim é com essa dupla de equipamento que se faz limpeza. Reduz água e tempo.
- Playground com EVA (emborrachado) e área externa com pedra: o correto é usar jateadora de água (tipo wap), mas para economizar água, a dica é fazer limpeza com auxílio de escovão e balde.
- Salão de festas e academia com piso frio: MOP Bio ou LT com fibra branca (no caso de porcelanato) e MOP água.
- Elevadores: utilizar detergente neutro diluído em água e aplicado com flanela nas paredes da cabine. Para piso de mármore, mais delicado, o recomendável é uso somente de detergente neutro.
- Garagens: pode usar uma lavadora de piso, que já é bem econômica. Para economizar mais água, no piso epóxi – mais fácil de limpar por ser mais liso -, é possível passar o MOP Pó, se houver alguma sujidade de óleo, basta usar um desengraxante com diluição mais fraca, e para finalizar o MOP água. O gasto de água fica mais controlado.
- Quando chove: dispensa rega de jardins e lavação de área externa.
Treinamento dos funcionários
O tema de consumo consciente é o mais utilizado para entender os pontos onde é possível reduzir o consumo de água, segundo Guilherme Salla, diretor de sustentabilidade da Abralimp.
“Nele, é orientado para que a equipe pense em conjunto os pontos de maior consumo e o que podemos fazer para reduzi-los. É importante que este treinamento seja aplicado não somente em épocas de crise hídrica, mas também durante todo o ano. A água é um recurso finito e devemos cuidar dela”, afirma.
Christiane Romão é adepta de treinamentos, vistorias conjuntas e programas de incentivos.
“Não adianta o gestor investir em ações junto aos moradores e não treinar sua equipe para a execução das suas atividades. Ao implantar programas e incentivos, o intuito é que todos compreendam que economizar água é muito importante, dando dicas inclusive para que eles possam aplicar em casa”, ensina.
Outras medidas adotadas com a equipe:
- atenção aos detalhes nas vistorias;
- mapeamento do consumo de água, em especial com a equipe de manutenção;
- treinamentos sobre sistemas de reuso e captação da água da chuva;
- treinamentos para faxinas à seco.
Fonte: Sindiconet
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