Série “Maldivas”: saiba o que ela pode ensinar ao seu condomínio

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Série estrelada por Bruna Marquezine e Manu Gavassi é ambientada em um condomínio repleto de segredos da síndica e dos moradores. O que aprender?

Bruna Marquezine Manu Gavassi estão no elenco de “Maldivas”, nova série da Netflix ambientada em um condomínio repleto de segredos da síndica e dos moradores.

Ainda que a trama toda foque nos dilemas da vida pessoal de cada uma das residentes deste excêntrico lugar, as ações das personagens impactam diretamente na gestão do condomínio.

Com comédia, mistério, drama e humor, a ficção consegue transmitir a realidade que é morar e administrar um condomínio. Para quem já vivencia essa atmosfera condominial, é quase impossível não se identificar.

Nesta matéria, o SíndicoNet traz um breve resumo da série “Maldivas”, destacando as situações que realmente pertencem ao dia a dia de qualquer condomínio, bem como as lições que síndicos e moradores podem tirar dessa narrativa.

Ah, também fazemos uma leve crítica, já que seria praticamente inevitável um enredo como esse, que tem como pano de fundo um condomínio, conseguir fugir de alguns estereótipos da gestão condominial.

E se você ainda não assistiu à série, vale reforçar: contém spolier e ele começa já!

Resenha da série “Maldivas” lançada pela Netflix

A série “Maldivas” estreou na Netflix no dia 15 de junho e possui, até o momento, uma temporada com sete episódios de mais ou menos 40 minutos cada um.

Foi produzida pela O2 Filmes e conta com um elenco recheado de nomes já conhecidos pelo público brasileiro, como Bruna Marquezine, Manu Gavassi, Carol Castro, Sheron Menezzes, Vanessa Gerbelli, Guilherme Winter, Enzo Romani e Klebber Toledo.  A escritora, roteirista, comediante e atriz Natalia Klein assina o roteiro e fecha o rol das estrelas.

Ao site E! Online Brasil, Klein conta que a inspiração de escrever a série surgiu justamente na época em que morava num condomínio. “Eu tinha muito a ideia desse lugar, quase fora da realidade, numa estética muito específica, com esses moradores únicos, um mundo quase paralelo”, explica. “Maldivas”, então, é, nada mais, nada menos, do que uma narrativa sobre a vida particular de seus moradores.

O nome dado à serie, aliás, já anuncia do que se trata a trama e suas personagens. Numa das cenas finais do primeiro capítulo, Verônica (Natalia Klein) e Patrícia Duque/Leia Lobato (Vanessa Gerbelli) cantam:

“Maldivas, Maldivas, mistura o nome de mal com divas! Maldivas, Maldivas, também rima com malditas.”

A série gira em torno de seis personagens de destaque, todas mulheres, cada uma com suas extravagâncias (divas) e carregando seus próprios fantasmas em meio a atitudes contestáveis (mal).

A história se passa dentro do condomínio chamado “Maldivas”, localizado no bairro da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Um incêndio em um dos apartamentos, que resultou na morte de Patrícia Duque/Leia Lobato, desencadeia uma série de acontecimentos e desperta o clima de suspense até o último episódio.

Não nos vem ao caso revelar ou discutir os desdobramentos da série; isso entra na sua conta, telespectador. Mas após esse resumo, a provocação que “Maldivas” faz para quem convive entre pessoas, mais especificamente em condomínios, é esta:

 Até que ponto você acredita conhecer (ou julgar) seus vizinhos?

Como disse Natalia Klein à Veja sobre as personagens principais, “[…] são muito reais e humanas. Vamos torcer por elas, ter raiva delas, sentir medo por elas”.  No desfecho da série, ao conhecer os motivos por trás de cada ato “inadequado”,  é muito provável que você tenha, no mínimo, alguma empatia por todas elas.

Assim sendo, a provocação que o SíndicoNet deixa para você que mora em condomínios é a seguinte: Você seria capaz de ter empatia pelo seu vizinho que vive ouvindo música no volume máximo o dia inteiro?

Para ter um gostinho da série, confira o trailer oficial abaixo:

Realidades dos condomínios retratadas na série “Maldivas”

Aqui vamos citar o que a ficção mostrou e que representa muito bem o dia a dia de um condomínio. Vale lembrar que não pretendemos fazer uma resenha cronológica dos acontecimentos, apenas selecionamos as partes que são relevantes para o universo condominial, ok? Vamos lá!

1. Vida em condomínio é sobre pessoas

O morador de um condomínio é antes uma pessoa, com sua trajetória de vidasegredospaixõesinsegurançasambições, etc. “Maldivas” traz à tona todos esses aspectos passionais e inerentes ao ser humano.

Dessa forma, a série brasileira da Netflix reforça a mensagem de que ninguém é perfeito, mas é assim que muitos querem ser notados aos olhos dos outros. Para isso ou para proteger alguém, mentemtraem, mantêm as aparências.

Ao assistir à trama, é possível que você identifique muitos dos seus vizinhos e a síndica nas personagens. No vídeo abaixo, você conhece um pouco das personagens principais:

2. Assembleias

O “Maldivas” realizou diversas reuniões de condomínio, para discutir pautas como eleição de síndico, posse de subsíndica após morte da gestora atual, renúncia de síndica, bem como votação para escolher empresa de segurança.

Houve algumas alternâncias de poder, mas Milene (Manu Gavassi) era quem cobiçava o posto e sempre retomava a ele. Tinha a aprovação da maioria dos condôminos, inclusive, com gritos de incentivo, aplausos e nenhum questionamento.

Porém, em um dos episódios, a atual síndica, certa de sua reeleição por falta de concorrência, foi surpreendida ao ser contestada por uma das moradoras (e também sua amiga) Patrícia Duque/Leia Lobato sobre a contratação da tal empresa.

Nessa ocasião, a algoz se candidata e ela perde o cargo após Verônica (subsíndica) desempatar a votação. A ex-síndica fica inconformada com a decisão, e nessa mesma noite ocorre o incêndio que matou a nova gestora.

No episódio seguinte, Milene é interrogada na delegacia sobre a morte da sua sucessora. Quando o delegado sugere ser curioso o incidente ter acontecido no dia em que as duas brigaram, ela reproduz sarcasticamente uma realidade das assembleias de muitos condomínios por aí:

“Não sei se você já foi à uma reunião de condomínio, mas ninguém termina se abraçando.”

3. Manutenção

“Maldivas” também retratou alguns acidentes frequentes no condomínio e que tem a ver com a manutenção predial: incêndios e vazamentos. Sejam propositais ou não, os riscos desses problemas acontecerem são reais.

Houve um princípio de fogo e dois incêndios, todos no mesmo apartamento, o de Patrícia Duque. O primeiro foi provocado por bituca de cigarro acesa que caiu sobre o tapete; já as outras duas ocorrências foram propositais e colocaram toda a comunidade em risco.

Da mesma forma acontece o vazamento. Para encobrir a fuga da amiga Patrícia Duque (o nome verdadeiro da personagem é Leia Lobato), Verônica acessa uma área restrita do condomínio e, com uma furadeira, perfura um dos canos.

Em alguns minutos, as goteiras tomam conta da sala dos porteiros/seguranças, atingindo computadores e outros equipamentos eletroeletrônicos, até que o prédio inteiro fica sem luz. Esse é o clímax da série!

4. Deterioração das áreas comuns

A pichação das áreas comuns são problemas recorrentes nos condomínios, não é mesmo? “Maldivas” aborda essa questão em três momentos da trama, dois deles provocados por crianças; e o outro, quando vizinhos escrevem palavras ofensivas na porta do apartamento de um morador condenado por corrupção.

Vale lembrar que o caso do vazamento citado acima, também se enquadra como mal uso das partes comuns do condomínio.

5. Controle de acesso e segurança

Sem contar as inúmeras ocasiões em que pessoas estranhas entraram facilmente no Maldivas (vamos detalhar isso melhor em outro ponto da matéria), houve uma cena que retrata muito bem os riscos que um condomínio corre no dia a dia.

Um grupo de assaltantes armados, comandado por um funcionário da empresa de segurança indicada pela síndica Milene, rende o porteiro do condomínio para roubar os carros dos moradores.

6. Tráfico de drogas

Enquanto Verônica esteve como síndica, num dos eventos promovidos pelo condomínio, ela gerenciava por debaixo dos panos a venda de comprimidos de droga nos enfeites dos drinks.

Com tantas pessoas dentro de um mesmo lugar, o Maldivas era o ponto de vendas ideal para o lucro pessoal de um traficante. E quantas pessoas não enxergam o condomínio dessa forma?

Sete lições do condomínio “Maldivas” para síndicos e moradores

1. Problemas pessoais não podem impactar no condomínio

A série demonstra algumas ações de síndicas moradores que partem de um estímulo pessoal, mas acabam reverberando em toda a comunidade.

Um dos momentos mais evidentes disso acontece quando Verônica assume ter permanecido no páreo por dois motivos. O primeiro, apenas por desavença pessoal com a atual gestora; o segundo, por ter identificado fraudes financeiras no caixa do condomínio.

Dessa forma, o condomínio fica à mercê de uma administração sem preparo. Numa cena cômica, Verônica é bombardeada por moradores sobre diversos questionamentos a respeito do condomínio. Sem respostas, ela sai correndo e é perseguida pelo grupo.

Outro acontecimento que reflete os impactos dos problemas pessoais dos moradores no condomínio se dá quando Kat (moradora amiga da síndica) usa o spa do condomínio para fazer a lavagem do dinheiro roubado pelo seu marido, um empresário corrupto.

2. Estranhos participando de assembleias não pode

No dia do fatídico incêndio no condomínio Maldivas que matou uma pessoa, Liz (personagem interpretada por Bruna Marquezine) saía de Goiás para viajar até o Rio de Janeiro à procura de sua mãe Patrícia Duque/ Leia Lobato, afastadas há dezoito anos. Na chegada, descobre que a vítima desse trágico e suspeito incidente é sua genitora.

Como boa perita profissional, Liz pretende investigar como aconteceu o acidente e passa a se envolver com as moradoras do condomínio, a ponto de participar da assembleias que elegeu um novo síndico. Nesse instante da trama, ela sequer é inquilina.

Ou seja, parece que ninguém conferiu as procurações dos proprietários do condomínio, não é mesmo?

3. Não deixe objetos pessoais sob guarda do condomínio

No episódio em que ocorre o roubo dos carros dos moradores, os bandidos quebram uma caixa de vidro que fica na própria garagem e na qual estão armazenadas as chaves de todos os veículos.

Isso permitiu uma ação facilitada para os criminosos, que nem tiveram o trabalho de fazer ligação direta em cada um dos veículos. Ao menos dez carros foram levados.

Nesse sentido, vamos aprender com o Maldivas: Nada de deixar nenhum objeto pessoal, principalmente a chave do seu veículo, sob responsabilidade do condomínio, seja de um funcionário ou esquecido na área comum.

4. Comunicação rápida e eficiente

Logo no primeiro episódio, a atual síndica Milene grava um vídeo e compartilha com os moradores, possivelmente em um aplicativo específico do condomínio ou no famoso grupos de WhatsApp.

O vídeo, ainda que egocêntrico, pois Milene tendenciosamente pede votos para que seja reeleita, é uma ótima ferramenta para se aproximar dos moradores.

Usar aplicativos ou criar grupos de WhatsApp também contribui para que o síndico tenha uma comunicação eficiente. Na série, tanto o incêndio fatal quanto o roubo dos carros foram prontamente usados para alertar os moradores.

Além disso, assim que Liz aluga oficialmente um apartamento, ela recebe um folheto de apresentação do Maldivas, que resume tudo o que o condomínio oferece.

Ainda que o material funcione como uma propaganda pessoal da síndica Milene, dá para inspirar síndicos a criar um panfleto acolhedor ou um kit de boas-vindas a novos moradores como este do SíndicoNet (baixe gratuitamente).

5. Condomínio com ótima estrutura

Aparentemente o Maldivas é bem equipado e valorizado. Possui diversas áreas de lazer, como spa, piscina, sauna, serviço de bar, pista de corrida, quadras poliesportivas, loja de roupas, lockers de correspondência e até pista de skate.

O alerta que fazemos é: mesmo que seu condomínio esteja sempre limpo, organizado e exuberante, tome cuidado com as aparências e sempre confira a fundo as movimentações da administração.

6. Falhas no controle de acesso

Já citamos lá em cima que as falhas no controle de acesso dos condomínios são uma realidade, e o Maldivas não foge dessa estatística.

Além do roubo, estranhos entram facilmente no condomínio, sem serem anunciados pela portaria. Claro que as nuances da ficção falam mais alto, afinal, não dá para levar tudo ao pé da letra, mas é comum ler nos noticiários hoje em dia sobre invasões desse tipo.

Para os síndicos, a recomendação é treinar os funcionários constantemente. Aos moradores, nunca abra a porta sem antes verificar quem é.

7. Eventos no condomínio são ótimos!

O Maldivas realizou diversos eventos, como despedida de solteiro, homenagem a um morador falecido,  inauguração de spa e até casamento.

Esses eventos valorizam o condomínio, além de melhorar a convivência entre os moradores.

Crítica ao Maldivas: Reforço de estereótipos do universo condominial

O principal estereótipo que “Maldivas” reforça sobre o universo dos condomínios é aquele que segue na cabeça da maioria das pessoas: gestão corrupta.

Rombo no caixa do condomínio para uso pessoal, licitações suspeitas com direito a comissões e falta de transparência financeira, realmente acontecem, mas não devem ser levados como regra.

O que existe também, além de profissionais idôneos e comprometidos, é muito desconhecimento e falsas acusações contra síndicos. Então, antes de conspirar contra um gestor, procure conversar com ele, acompanhar a gestão, fazer questionamentos. Esse é um direito seu!

Infelizmente essa sombra negativa sob os síndicos contamina o próprio mercado condominial e penaliza os bons profissionais, que têm de encarar olhares desconfiados e batalhar bravamente para provar que seu trabalho é o contrário disso.

No mais, a série reflete a realidade de viver e gerir condomínios. Assista e deixe sua opinião no campo de comentários abaixo!

Fonte: Síndiconet

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