Incêndio em fachadas
ABNT cria novas normas para revestimentos
ABNT lança norma para auxiliar na construção segura de fachadas contra incêndios
Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio da Associação, responsável pela elaboração da norma, realiza live sobre fachadas em situação de incêndio no dia 26 de maio
Após a tragédia ocorrida na Torre Grenfell, em Londres (2017), quando um prédio residencial de 24 andares foi consumido pelo fogo deixando 72 vítimas fatais, o Reino Unido implementou novos regulamentos de prevenção de incêndio como as normas BS8414 e BS9414, por exemplo.
Os novos regulamentos exigem que centenas de edifícios considerados irregulares – 1,3 milhões de apartamentos – se adequem às regras recebendo revestimentos exteriores adequados à nova norma, sistemas de alarme, varandas, compartimentação, saídas de emergência com portas corta-fogo e devidamente enclausuradas, dentre outros sistemas de segurança contra incêndio.
Muitos prédios na Inglaterra têm o revestimento externo feito com painéis de um composto de alumínio-plástico, madeira ou outros materiais combustíveis, considerados perigosos e que colocam em risco a segurança do empreendimento e a vida de seus moradores. Nos últimos 10 anos, foi realizado um levantamento identificando pelo menos 33 incêndios relevantes em fachadas pelo mundo com um resultado total de 223 mortes em decorrência deste tipo de risco. Ainda, 78% dos apartamentos envolvidos foram completamente incendiados e todas as torres afetadas foram interditadas, levando entre 2 e 5 anos para reformar e reabrir, em alguns casos os mesmos foram demolidos. Os dados foram levantados pela Associação Brasileira de Proteção Passiva Contra Incêndio (ABPP). Com o objetivo de mudar este cenário, a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas lançou recentemente uma nova norma de Segurança Contra Incêndios. A ABNT NBR 16951 avalia a reação ao fogo de sistemas e revestimentos externos de fachadas em grande escala, trazendo método de ensaio, classificação e aplicação dos resultados de propagação do fogo nas superfícies das fachadas.
“Essa é uma norma recente tanto no Brasil, quanto internacionalmente. Até então, só existiam normas para ensaio de fogo para revestimentos usualmente internos, como forro, parede ou piso, que são utilizados para avaliar se a propagação de chamas e a quantidade de emissão de fumaça eram exacerbadas, a ponto de inviabilizar seu uso em ambientes internos. Com a nova norma, agora será possível avaliar revestimentos externos em maior escala, o corpo de prova do ensaio de fogo para esta norma possui aproximadamente 9 metros de altura, montado em formato de canto, simulando um cenário mais próximo do real em edifícios altos, diferente de ensaios de pequena escala, que não conseguem reproduzir todos os efeitos do incêndio de forma a avaliar seus riscos e desempenhos”, comenta Rogerio Lin, superintendente do Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio (ABNT CB-024).
A nova norma elaborada pela ABNT é baseada nas normas britânicas BS8414 e BS9414. “Esta é a regulamentação mais atualizada que existe para ensaio de revestimento de fachadas combustíveis e não combustíveis, os participantes da comissão fizeram um excelente trabalho.”, complementa Lin.
O documento especifica um método para determinação das características de reação ao fogo de sistemas de revestimento externo não estrutural de fachadas, sistemas de fachadas ventiladas ou não aderidas, paredes-cortina, sistemas que incluam painéis de vidro, painéis instalados entre lajes de andares e painéis isolantes compostos quando aplicados à fachada de um edifício e expostos a uma fonte de calor reproduzindo uma situação de incêndio sob condições controladas.
A exposição ao fogo é representativa de uma fonte externa de incêndio ou de um incêndio totalmente desenvolvido (após a ocorrência da inflamação generalizada) em um aposento do edifício, cujas chamas escapam através de uma abertura, como uma janela, expondo o sistema da fachada aos efeitos de chamas externas ou mesmo de uma fonte externa de incêndio que se desenvolva na base do edifício.
“Temos diversos casos de incêndio em fachadas mundo afora, o que nos mostra a relevância e real necessidade para este tipo de avaliação tratada na norma. Temos um problema na sociedade, com milhões de apartamentos com um tipo de configuração perigosa, que põe em risco a vida de moradores e habitantes dos edifícios. O principal risco, inclusive, é quando as pessoas estão dormindo porque mesmo com o alarme, as pessoas demoram para despertar após um incêndio. Quando o morador se dá conta, o incêndio já tomou grande parte da edificação e acaba encurralado pela fumaça densa e calor intenso. É o que aconteceu na Torre Grenfell, em Londres”, finaliza o especialista.
Fonte: Sindiconet