18% dos síndicos no Brasil são profissionais e o número continua crescendo. Veja como lidar com a concorrência!

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Síndico Profissional: como lidar com a concorrência predatória

Para se destacar, síndico profissional deve valorizar seus pontos fortes, resultados de gestão e apresentar soluções para as dores do condomínio a preço compatível

O mercado de síndico profissional tem crescido e promete estar entre os mais promissores. De acordo com levantamento recente do SíndicoNet, 18% dos síndicos no Brasil são síndicos profissionais – três vezes mais (6%) que em 2013.

Das administradoras consultadas em 2019 pela AABIC (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo), 58% consideraram como uma tendência o aumento dos síndicos profissionais nos condomínios – o dobro (29%) de 2018.

A busca por capacitação e networking na área é outro forte indicador. A venda de cursos do SíndicoNet cresceu 39,8% de 2019 para 2020. Dos cursos comercializados, 60% foram feitos por síndicos.

No entanto, um perigo vem assombrando o promissor mercado: profissionais inexperientes e amadores, que acabam partindo para uma concorrência predatória praticando preços muito baixos que não sustentam a qualidade do serviço, comprometendo e desvalorizando a todos.

Está cada vez mais comum síndicos profissionais com experiência, respaldo e preparo, a um passo de serem eleitos, serem “derrubados” em assembleias de eleição por concorrentes que prometem mundos e fundos por um preço irrisório.

Por que a concorrência predatória desvaloriza a carreira de síndico profissional?

Condôminos cada vez mais exigentes, poucos dispostos a encarar a função e o surgimento de condomínios grandes e bem equipados são fatores que contribuem para a busca crescente por síndicos profissionais.

O que seria algo positivo para um mercado em ascensão, vem sendo ameaçado por quem pratica concorrência desleal e predatória.

O joio misturado ao trigo pode prejudicar a carreira de síndico profissional, que não é regulamentada, e ainda enfrenta o despreparo de condôminos e conselheiros na hora da escolha: muitas vezes dão um peso maior ao preço sem considerar o escopo do serviço e a real capacidade de entrega.

“O mercado de síndico profissional tem crescido demais e, apesar de ter ótimos profissionais, também existem os inexperientes que erram na precificação e jogam o preço lá para baixo. Há conselhos de condomínios que confundem inexperiência como boa oportunidade de ter uma pessoa com mais tempo disponível a um preço melhor”, diz Alexandre Prandini, síndico profissional há 18 anos.

Ele acredita que em um mercado crescente, cabe a cada um fortalecê-lo e deixá-lo competitivo – de forma positiva.

“O síndico tem que estar engajado com o mercado, antenado com as tendências e sua evolução. Estamos discutindo como o condomínio serve o morador. O discurso de quem está atualizado e preparado é outro e os condôminos percebem a diferença em uma apresentação”, diz.

Uma prática comum de síndicos iniciantes é cobrar menos por não ter tanta experiência e também para conseguir formar carteira, comenta o engenheiro civil e síndico profissional Sylvio Levy.

“Mas a qualquer custo, acaba por baixar a média do valor de mercado e não conseguir fazer uma boa entrega do trabalho. Para que isso não aconteça, os profissionais precisam saber quanto vale o seu serviço se valorizar“, alerta Levy.

Defina o valor correto de seu trabalho em uma proposta e fuja do preço baixo

Quando começou a atuar como síndico profissional há cinco anos, Sylvio Levy usava uma tabela de referência sugerida por uma construtora que precificava por número de unidades e número de torres. “Eu não tinha ideia do que era praticado, nem experiência de mercado para repensar o precificação”, recorda.

Segundo Fábio Quintanilha, publicitário e síndico profissional, a definição de preço por número de unidades que vem sendo praticada por alguns pode variar de R$ 13 a R$ 25/unidade, o que em um condomínio de 70 unidades ficaria em torno de dois salários mínimos.

Mas e os condomínios muito pequenos, que o preço final seja baixo? Fora que tamanho não é documento. Poucas unidades podem ser habitadas por moradores que querem atenção e podem dar bastante trabalho.

“Muita gente erra na precificação porque sequer faz uma visita técnica ao condomínio e se limita a perguntar quantas unidades tem”, aponta Quintanilha, idealizador do projeto Síndicos de Valor.

São muitas as variáveis que devem ser levadas em consideração na hora de precificar o serviço de síndico profissional em uma proposta:

  1. perfil do condomínio (comercial, residencial, clube, alto padrão, popular, em implantação);
  2. porte do condomínio (número de torres, unidades);
  3. número de áreas de lazer;
  4. perfil dos moradores;
  5. número de colaboradores e se são próprios ou terceirizados;
  6. idade do condomínio;
  7. estado de conservação/manutenção;
  8. problemas técnicos.

Com base nisso, é possível estimar o tempo, nível de responsabilidade e trabalho para gerenciar cada área do condomínio:

  • Funcionários próprios: há um impacto maior de tempo em treinamento e gestão.
  • Mais de 150 unidades: vai tomar mais tempo de atendimento, inclusive presencial.
  • Condomínio mais velho, em implantação ou com manutenções e obras: vai exigir muito tempo para gerenciá-las, fora o cuidado na contratação, acompanhamento, conferência de material, mão de obra.
  • Muitas áreas de lazer: mais contração de prestadores de serviço e mais responsabilidades na gestão.

Além disso, tem os custo fixos:

  • contador;
  • consumo;
  • logística;
  • impostos etc.

A depender do nível de atuação, pensando em empresa de síndico profissional, ainda tem:

  • equipe;
  • prepostos;
  • seguro;
  • assessoria jurídica etc.

Não é uma equação simples. 

“O síndico profissional tem que pensar no valor do seu honorário, quantas horas o condomínio vai precisar dele e ter todo respaldo, caso aconteça qualquer problema no condomínio. Isso tudo tem custo e deve estar coberto com o preço firmado no contrato”, afirma Sylvio Levy.

Quais os riscos de fechar contrato com preço muito baixo?

Uma remuneração incompatível com as responsabilidades e o volume do trabalho, que só empata os custos sem ser rentável, não se sustenta no longo prazo. A motivação diminui com o passar do tempo, diz o síndico profissional.

Como valorizar e vender bem o seu trabalho em uma concorrência

Para mostrar o seu valor perante uma concorrência predatória, não basta o síndico profissional ter um currículo recheado de cursos, certificados, participações em eventos e experiência comprovada.

“Tem muito síndico bem preparado tecnicamente, mas que não sabe valorizar e apresentar bem o trabalho que realiza e se promover de maneira correta. O síndico tem que saber se vender“, ressalta Fábio Quintanilha.

Quando vai participar de uma concorrência em um condomínio que é um cliente em potencial, é crucial que o síndico profissional busque informações para direcionar a elaboração de sua proposta e sua apresentação:

  • conversas prévias com o conselho para entender:
    • perfil dos moradores
    • qual é a expectativa dos condôminos com o novo gestor
    • o quanto estão preparados para contratar um síndico profissional
  • visita técnica ao condomínio para conhecer o empreendimento e suas necessidades

Nas reuniões com conselheiros é possível detectar quando desconhecem o serviço prestado por um síndico profissional.

“Quando percebo isso, aproveito para explicar didaticamente o que um síndico profissional faz, os diferenciais de uma gestão profissional, apresento cases de condomínios que atendo para eles visualizarem os resultados com exemplos concretos, inclusive de economia”, explica Prandini.

Exemplo: economia de 20% com produtos de limpeza. Como? A partir da orientação e treinamento de equipe sobre uso correto, estabelecimento de padrão de trabalho para o time, controle de estoque eficiente e boa negociação com fornecedores.

Em toda concorrência que participa, Sylvio Levy faz uma apresentação que inclui os seus valores pessoais, carreira e diferenciais técnicos.

“Eu apresento ‘quem é o Sylvio’ nos campos familiar e técnico, mostrando valores como solidez e estabilidade, confiabilidade da trajetória de 20 anos de engenharia e valorizo pontos fortes, como a parte técnica”, comenta.

No caso dele, um dos diferenciais está relacionado ao fato de ser engenheiro, o que é uma vantagem em manutenções, inspeções, análise de documentações de obra. “Tenho relacionamento sólido com o mercado imobiliário e o linguajar técnico facilita no trato com prestadores de serviços”, explica Levy.

O candidato também deve caprichar no visual da sua apresentação e fazê-la de forma customizada com soluções para as necessidades daquele condomínio, colhidas com conselho e visita técnica.

“Tenho visto que o maior erro que síndicos profissionais têm cometido é não ter argumentos convincentes na hora de se apresentar. Geralmente eles decoram um texto de auto apresentação e repetem em todas as assembleias que participam”, diz Fábio Quintanilha.

Outra dica extremamente importante é utilizar depoimentos de moradores na apresentação para validar a qualidade do seu trabalho aonde ele já é sindico.

“Apresentar referências traz credibilidade e segurança na hora de os condôminos escolherem o melhor candidato. Mais do que eu falar ‘eu sou bom’, são os meus clientes falarem isso”, enfatiza.

Como usar depoimentos:

  • prints recebidos pelo whatsapp ou e-mail
  • gravação de vídeo
  • áudio

Postura é essencial na hora da apresentação: falar firme, com segurança e autoridade, demonstrando habilidades de se comunicar transmitindo confiança.

Valorize seu trabalho e fidelize seus clientes

A orientação de Fábio Quintanilha nas mentorias que realiza para síndicos profissionais é que estes, ao receber feedbacks constantes dos moradores e até fornecedores reconhecendo positivamente a qualidade do seu serviço, precisam ter um valor diferenciado.

“Dessa forma, em um curto período eles vão administrar uma carteira menor de condomínios recebendo honorários melhores que a média do mercado. Isso significa trabalhar menos e produzir mais”, diz.

Outra grande vantagem, segundo Fábio, é a fidelidade que os clientes vão ter com ele, enquanto aquele que tem preço baixo corre o risco de ser trocado a qualquer momento por outro que ofereça o mesmo serviço por valor menor.

“O síndico tem que ter em mente que nem todo condomínio é para ele. Deve escolher o segmento e a região em que vai atuar, por exemplo, para atender aqueles em que melhor vai performar e não se queimar por não dar conta e ter que renunciar”, enfatiza.

Ferramentas de valorização do trabalho do síndico profissional são:

  • registros fotográficos de “antes e depois das obras” e de eventos
  • número de acionamentos que recebeu
  • número de obras e serviços executados no período
  • entre outras métricas.

“Fazer apresentações visuais, com fotos, gráficos e métricas encantam. Números e resultados impressionam. Pode fazer isso na assembleia de prestação de contas ou a cada seis meses em reuniões, mesmo que informais e por videoconferência. Isso ajuda a valorizar cada vez mais o seu trabalho”, afirma Quintanilha.

Alexandre Prandini enfatiza também a necessidade de se fazer uma boa comunicação. “Há pessoas questionando o seu trabalho o tempo todo, por isso é importante entregar relatórios de visitas, realizar reunião com conselheiros e estar disponível para moradores tirarem dúvidas.”

Dar atenção às relações humanas é outro ponto de atenção. “Isso dentro do condomínio ajuda muito a gerar valor ao trabalho do síndico, já que é comum encontrar profissionais que não estabelecem conexão com os moradores e que ficam apenas no operacional”, destaca Quintanilha.

Fonte: Sindiconet

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